O tênue equilíbrio entre beleza e eficiência do São Paulo de Fernando Diniz

Da Redação


Que o São Paulo é o favorito para a conquista do Campeonato Brasileiro de 2020 – o qual, não custa lembrar, terminará apenas na última semana do próximo mês de fevereiro – quase ninguém duvida. E isso não só pela diferença de pontos entre o Tricolor e as equipes logo abaixo na tabela, mas principalmente pela beleza do futebol que os comandados de Fernando Diniz são capazes de apresentar mesmo nas derrotas. Quanto a isso, basta ver as jogadas do São Paulo selecionadas por Conrado Santana, do portal ge, em análise tática do jogo de ida contra o Grêmio pelas semifinais da Copa do Brasil.

É por isso que em sites que oferecem dicas de apostas esportivas ressalta-se o favoritismo do Tricolor para vencer seus confrontos na Série A inclusive ao enfrentar times competitivos jogando em casa. Um belo exemplo disso foram as cotações apresentadas num texto de 24 de dezembro em que o apostador profissional Josué Ramos analisava a partida que seria realizada dois dias depois contra o Fluminense no Maracanã: no Exchange – que indica a média das apostas que os próprios apostadores negociam entre si, como se fossem cotações numa bolsa de valores –, a vitória dos paulistas oferecia um retorno de 2.24, enquanto a vitória dos cariocas oferecia um retorno de 3.8.

Pode-se argumentar, é claro, que em tempos de jogos com portões fechados o fator casa tem um peso menor do que teria em outras circunstâncias. E é igualmente justo que se leve em conta o momento complicado do adversário do São Paulo, que àquela altura vinha encontrando dificuldades para se reencontrar na Série A após a saída do técnico Odair Hellmann, no início de dezembro, para o Al Wasl dos Emirados Árabes. Porém, as apostas a favor dos paulistas devem ser entendidas acima de tudo como o reconhecimento do poderio de um time que normalmente ataca até o fim das suas partidas, como pôde ser visto novamente na recente vitória por 3 x 0 sobre o Atlético-MG no Morumbi.

Não que isso também não apresente seus problemas. De fato, é justamente a vocação ofensiva do São Paulo atual que pode tornar a equipe um tanto frágil. Em primeiro lugar, como já foi apontado por diferentes analistas esportivos, porque o estilo de jogo que Fernando Diniz propõe nem sempre é assimilado de imediato pelos seus jogadores – tanto é que o técnico do Tricolor esteve a ponto de ser demitido mais de uma vez desde o ano passado. E em segundo lugar, porque a ênfase dada num futebol intenso, caracterizado por movimentação, toques de primeira e jogadas bem trabalhadas, tende a demandar muito dos atletas, tanto física quanto mentalmente.

E isso, por fim, nos remete a algo que o atual técnico da Espanha, Luis Enrique, disse há alguns anos quando treinava o Barcelona: a de que a equipe catalã sob seu comando era um time que precisava jogar bem para ganhar. Essa abordagem mais “romântica” do futebol ultimamente vem sendo mais aceita no Brasil, graças ao que Jorge Jesus fez quando comandou o Flamengo em 2019. No entanto, tanto jornalistas quanto torcedores ainda têm dificuldade de lidar com um jogo bonito que nem sempre se mostre eficiente. E é esse equílibro entre beleza e eficiência que faz do São Paulo a melhor equipe do Brasil dos últimos meses.

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